S. Francisco e a Bênção dos Animais

São Francisco de Assis é um santo católico que viveu na Itália entre os anos 1181 e 1226. Fundador de uma Ordem de frades, pregador e promotor da paz, místico e reformador da Igreja, Francisco foi considerado uma “luz que brilhou no mundo” por Dante Alighieri e foi canonizado pela Igreja menos de dois anos após a sua morte, em 1228.

Autor do Cântico do Irmão Sol, é conhecido para além da Igreja católica como patrono do meio ambiente e dos animais. Por isso, é costume, no dia 4 de outubro, fazer a bênção dos animais.

Qual é o sentido desta bênção? Por que benzer os animais?

Ao abençoar os animais a Igreja reconhece que muitos deles, por vontade do Criador, participam de alguma maneira da vida dos seres humanos. Alguns animais auxiliam os seres humanos no trabalho, outros lhes servem de alimento, outros ainda são estimados como companhia e divertimento. Abençoar os animais significa reconhecer e exprimir a relação deles com Deus Criador e com o ser humano. De Deus, eles são criaturas entregues ao ser humano como alimento, auxílio e companhia.

Os animais enquanto criaturas de Deus habitam o céu, a terra e o mar. Eles participam das vicissitudes dos homens e das mulheres e estão ligados à vida deles. Na história da salvação, os animais foram salvos do dilúvio na arca de Noé. Depois do dilúvio foram, a seu modo e condição, associados à aliança feita com Noé (Gn 9,9-10). Na mesma história da salvação, alguns animais se destacam em sua relação com a humanidade e com a salvação divina. O cordeiro é imolado na páscoa da libertação da escravidão do Egito (Ex 12,3-14). Um grande peixe salvou Jonas das águas do mar (Jn 2,1-11). Os corvos alimentaram o profeta Elias (1Rs 17,6). Os animais participam da penitência dos ninivitas (Jn 3,7).

Abençoando os animais por intercessão de S. Francisco, a Igreja louva o Criador por ter dado os animais como auxílio, alimento e companhia. Invocando a bênção sobre os animais, reconhecemos agradecidos o nosso lugar e a nossa responsabilidade na natureza criada.

A bênção dos animais por intercessão de S. Francisco nos preserva do erro de atribuir divindade às criaturas; ressalta a dignidade deles em relação ao ser humano e a responsabilidade deste em relação à criação de Deus.

É preciso respeitar a criação de Deus. Os animais são criaturas de Deus. Eles são envolvidos com a solicitude providencial de Deus e, pela sua simples existência, bendizem e glorificam a Deus. Mesmo que eles sejam incapazes de cantar como o ser humano, a própria existência deles proclama a glória de Deus (Dn 3,79-81).

Os animais, tal como as plantas e os seres inanimados, são naturalmente destinados ao bem comum da humanidade, passada, presente e futura. O domínio concedido pelo Criador ao homem sobre os seres inanimados e os outros seres vivos (Gn 1,28-31), não é absoluto, mas regulado pela preocupação da qualidade de vida do próximo, inclusive das gerações futuras e exige um respeito religioso pela integridade da criação.

É legítimo servir-se dos animais para a alimentação e a confecção de vestes. Eles podem ser domesticados para auxiliar o ser humano em seu trabalho ou para a sua distração. É, porém, contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas. Ao mesmo tempo, é igualmente indigno gastar com eles somas que deveriam, prioritariamente, aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, mas não se deve desviar para eles o afeto só devido às pessoas humanas. O ser humano não pode colocar o amor aos animais acima do amor às pessoas.

Ao levar seu animal para ser abençoado por intercessão de S. Francisco, aproveite essa oportunidade para estudar e aprofundar uma boa catequese da criação.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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