O que é a comunhão espiritual?

Estamos vivendo uma situação inédita, que certamente nunca havíamos imaginado: seguindo as orientações das autoridades sanitárias, devemos permanecer isolados em casa, e isso provoca uma reviravolta considerável em nossas vidas. Não podemos realizar as nossas atividades costumeiras: ir ao trabalho, encontrar as pessoas com quem convivemos, cultivar as amizades, conversar com as pessoas, estar perto delas para ouvi-las e ajudá-las etc.

Nestes dias, estamos recebendo inúmeras sugestões de atividades que podemos realizar para atravessar este momento. Além dos cuidados sanitários para evitar a transmissão do vírus e o atendimento das pessoas mais pobres e abandonadas, talvez a medida mais importante seja cuidar da saúde mental e espiritual. Quem está fechado em casa em quarentena sentiria um grande conforto se pudesse receber Jesus na Eucaristia.

Esta situação é dolorosa para todos os bons cristãos, acostumados a visitar o Santíssimo Sacramento no sacrário das igrejas e, com muito mais razão, habituados a receber a Sagrada Comunhão. A imensa maioria dos católicos em todo o mundo está sem comungar há muitos dias. Isso representa uma forma de solidão, de falta de consolo e pode levar ao risco do distanciamento de Deus.

Estar privado da Comunhão, como acontece com a falta do alimento corporal, provoca na alma os mesmos sintomas da fome: fraqueza, falta de disposição de fazer as coisas, desmaios etc. Nessa situação de inanição espiritual, por falta da Comunhão, nós, católicos, temos um recurso eficaz: quando, por uma série de motivos, ficamos impedidos de receber sacramentalmente a Eucaristia, podemos fazer a comunhão espiritual, expressando o desejo sincero de estar em união com Deus, o que produz efeitos semelhantes aos do recebimento do sacramento da Eucaristia.

A comunhão espiritual “consiste em um desejo ardente de receber Jesus Sacramentado e em um trato amoroso com Ele como se já o tivéssemos recebido”, como ensina Santo Afonso Maria de Ligório, em seu livro “Visitas ao Santíssimo Sacramento, à Santíssima Virgem e a São José”. Esta prática traz nos muitas graças e ajuda-nos a trabalhar e a relacionar nos com os outros com mais sentido sobrenatural. “Que fonte de graças é a comunhão espiritual! – Pratica a com frequência, e terás mais presença de Deus e mais união com Ele nas obras” (Josemaria Escrivá, “Caminho”).

O vivo desejo de comungar, sinal de fé e de amor, deve levar-nos a fazer muitas comunhões espirituais durante o dia, no meio do trabalho. “A comunhão espiritual pode ser feita sem que ninguém nos veja, sem que se esteja em jejum, e a qualquer hora, porque consiste num ato de amor; basta dizer de todo o coração: […] Creio, ó meu Jesus, que estais no Santíssimo Sacramento; eu Vos amo e desejo muito receber-Vos, vinde ao meu coração; eu Vos abraço; não Vos ausenteis de mim” (Santo Afonso, idem). Ou, como muitos outros cristãos, que o aprenderam talvez por ocasião da sua Primeira Comunhão: Eu quisera, Senhor, receber-Vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu a vossa Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos santos.

Durante este tempo de quarentena, muitas pessoas conseguem assistir diariamente à Santa Missa por meio das novas tecnologias. Embora seja mais difícil manter a atenção e a piedade, encontrei na internet algumas dicas que podem ajudar a seguir a missa on-line com mais devoção.

1. É melhor não assistir à missa sozinho. Se puder, faça-o com a família ou com um dos seus irmãos ou filhos. União é força e será mais fácil para se concentrar. Escolha a missa que melhor se adapte a todos pelo horário e faça deste um dos momentos familiares do dia. 2. Cuide do espaço. Coloque uma cruz ou uma imagem de Nossa Senhora perto da TV ou do computador. 3. E cuide do vestuário. Vista-se dignamente para a missa. Deixe o seu pijama para dormir e a sua roupa de esporte para o esporte. 4. Acompanhe a missa como se estivesse na igreja: levante-se para a leitura do Evangelho, ponhase de joelhos para a Consagração etc. Os gestos são importantes. 5. No momento da comunhão, reze uma comunhão espiritual (cf. opusdei.org.br).

Cada um de nós pode realizar a comunhão espiritual sem necessidade de se restringir a uma oração específica. Mas, para que seja benfeita, recomenda-se que se faça um ato de fé na presença real, verdadeira e substancial de Jesus na Eucaristia: “Senhor eu creio, mas aumenta a minha fé” (cf. Mc 9,24). Também cabe fazer um ato de amor a Deus, como Simão Pedro: “Senhor, tu sabes tudo: tu sabes que te amo!” (Jo 21,17). Podemos ainda manifestar o desejo de recebê-lo em nossa alma, como instantes antes do momento da Comunhão na missa: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. Por fim, colocar nas mãos de Deus todos os pedidos que tenhamos no coração: pelo Papa, pela Igreja, pelos Sacerdotes, por nossos familiares e parentes, pelos doentes, pelos idosos, pelas pessoas mais necessitadas etc.

 

Fonte: Portal O São Paulo [Arquidiocese de São Paulo]

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