Comentário ao Evangelho – Sexta-Feira 26/06/2020

Sexta-feira da 12ª Semana do TC

Mt 8, 1-4

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O evangelho de hoje, narra a cura de um leproso. Terminado o sermão da montanha, começa agora uma outra parte do Evangelho segundo Mateus. Os capítulos 5 a 7 apresentam Jesus como Messias da Palavra. Os capítulos de 8 e 9 apresentam Jesus como Messias das obras. Nesses 3 capítulos, Mateus descreve muitos milagres de Jesus.

Podemos fazer algumas perguntas para podermos interpretar bem esses milagres. Jesus realmente fez milagres? Muitos estudiosos chegaram a negar que Jesus tenha feito os milagres que os evangelhos narram. Segundo eles, tratava-se de uma interpretação mítica, uma forma de exaltar a pessoa tão querida de Jesus. De fato, em todas as religiões existem relatos de milagres e de prodígios, mas tais descrições não são históricas porque foram inventados para exaltar a figura do herói e do fundador.

Essa explicação tem dois problemas. Parte do pressuposto de que milagres não existem e que todas as narrativas de milagres no Evangelho são invenções piedosas e um pouco histéricas de uma comunidade exaltada e interessada em exaltar Jesus. Evidentemente se essa é a convicção inicial, vai ser esta também a conclusão de um exame sobre a historicidade dos evangelhos.

O segundo problema dessa explicação. Os relatos dos evangelhos diferem muitíssimo dos relatos miraculosos presentes em outras tradições religiosas. Os relatos dos Evangelhos são narrativas muito sóbrias cuja finalidade nunca é a de exaltar as façanhas extraordinárias de Jesus de Nazaré. Os relatos dos Evangelhos na verdade não narram os milagres como prova do poder de Jesus e da sua divindade. Evidentemente os milagres revelam a identidade divina de Jesus, mas, segundo o Evangelho de Mateus, também a palavra de Jesus manifesta a sua divindade. Os milagres estão sempre em estreita relação com a palavra de Jesus. Os milagres têm estreita relação com a palavra e têm a mesma finalidade, ou seja, de revelar o sentido e o conteúdo da ação de Jesus.

Os capítulos 5 a 7 nos mostram quem é Jesus pela sua palavra; os capítulos 8 e 9 falam de Jesus a partir de suas obras. Há uma estreita relação entre palavra e obras: as obras confirmam a palavra, e a palavra explica o sentido das obras.

O relato da cura do leproso deve ser assim entendido. A cura confirma a palavra de Jesus e a palavra explica o sentido da cura. Um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: ‘Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.

O pedido do leproso é também uma confissão de fé. Ele chama Jesus de “Senhor”. Não é um tratamento qualquer. Era usado para se dirigir ao imperador. “Ele se ajoelhou”: a sua atitude diante de Jesus é a de adoração.

Jesus responde à súplica do leproso: “se queres” com um “eu quero”. Estamos diante do “eu” de Cristo. Somente ele pode dizer “eu” sem ter necessidade de invocar outro nome, sem se apoiar em outro poder, da mesma maneira como somente Jesus pode dizer “eu, porém, vos digo” sem necessidade de recorrer a outra autoridade nem mesmo da Escritura.

Além de dizer “eu”, Jesus tocou no leproso. De novo fica clara a originalidade dos milagres de Jesus. Tocar não é somente um ato de afeto e de carinho. É muito mais do que isso: Jesus toma sobre si a impureza para tornar puro o leproso! Foi exatamente isso o que Jesus fez para nos salvar: tomou sobre si o pecado da humanidade para que nós sejamos salvos do pecado.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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