Comentário ao Evangelho – Quinta-Feira 23/04/2020

2ª Semana da Páscoa – ANO A

Jo 3, 31-36

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Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida.

O Evangelho de hoje nos fala de plenitude. A plenitude de graça que recebemos do Senhor Ressuscitado é uma riqueza incomensurável. De fato, recebemos o Espírito sem medida.

Nas coisas humanas, nós começamos com pouco ou com quase nada e, depois, com muito esforço, vamos adquirindo e progredindo até alcançar uma plenitude. Nas coisas humanas, a plenitude está no final de um processo de crescimento, depois de um início muito modesto.

Por exemplo. No conhecimento humano, começamos ignorantes, mas com empenho nos estudos, depois de muitos cursos e exercitações adquirimos muitas competências e conhecimentos. O mesmo vale no campo dos bens materiais. No início não temos nada, mas depois, com trabalho sério, planejamento e disciplina, adquirimos um patrimônio considerável.

A mesma coisa ocorre no campo das virtudes humanas: no início não temos hábitos virtuosos, só temos impulsos que nos levam a direções contraditórias. Pouco a pouco, porém, com muito esforço e disciplina de vida, adquirimos alguns hábitos bons e desenvolvemos tendências boas em nós mesmos.

Mas na vida espiritual acontece o inverso: a vida espiritual consiste na união com Cristo e por isso, desde o batismo, desde o início a nossa alma tem à disposição uma plenitude de riquezas. A vida espiritual começa, portanto, com a plenitude da união com Cristo, e o que precisamos é nos abrir para acolher essa plenitude. É claro que não temos desde o batismo a perfeição automática da vida espiritual, mas o batismo nos comunica realmente a riqueza de Cristo.

No batismo nós recebemos o dom da fé. Desde o batismo nós temos a fé como uma plenitude, como uma riqueza de luz divina e de conhecimento sobrenatural. Não recebemos uma fé pequena que depois deve ir crescendo com o nosso esforço. A fé é um dom sobrenatural que nos é dado em toda a sua riqueza, e o nosso primeiro esforço deve ser o de tomar consciência da preciosidade deste dom de Deus. Não é preciso conquistar a fé: ela nos é dada em plenitude no batismo!

Não somos nós que devemos criar em nós a fé, ela é uma luz que nos foi dada por Deus no Cristo ressuscitado. É exatamente isso que o mundo deseja dos cristãos! O mundo não espera a nossa generosidade. Ele espera a generosidade de Cristo! O Senhor não dá um dom pequeno ou pela metade. Sua generosidade é tal que nos dá o Espírito sem medida. Todos os seus dons a nós são sem limites.

É claro que devo crescer na fé, mas isso não para criar a fé e sim para crescer no receber o dom da fé.

Peçamos ao Senhor a fé: “quem crer no Filho tem a vida eterna”. João não diz: terá a vida eterna! Ele diz “tem” no presente, no agora. Em Cristo ressuscitado o dom da vida eterna está em nós!

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

 

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