A Palavra do Pastor: Como se forma um Dogma?

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A fé não é uma realidade estática; ela é dinâmica o que faz com que a Igreja cresça junto com a compreensão e com a prática da Palavra de Deus. Ora, para garantir um crescimento fiel e aderente à Palavra de Deus, o Magistério desempenha um papel importante.

Magistério é o termo técnico usado para indicar o ensino da Palavra de Deus feito com autoridade. A autoridade de ensinar em nome de Cristo vem do próprio Cristo e é sustentada também pelo Espírito Santo. De fato, foi o próprio Cristo que confiou aos apóstolos o encargo de ensinar todos os povos na escola do Evangelho.

Para todo o tempo da Igreja, o ofício do Magistério consiste em três ações convergentes e inseparáveis: 1 – a ação de receber devotamente a Palavra de Deus; 2 – a de conservá-la zelosamente; e 3 – e a de transmiti-la integralmente para as gerações sucessivas.

O Magistério é exercido pelos sucessores dos Apóstolos. Podemos, assim, nos perguntar: somente os bispos exercem a tarefa de transmitir e interpretar a Palavra de Deus? Os fiéis leigos podem contribuir no progresso da inteligência da fé? Ou eles somente devem receber a pregação do Magistério?

Todos os fiéis contribuem para o progresso da compreensão e da vivência de tudo o que a Igreja recebe da Revelação. Todos contribuem, mas cada um segundo as suas responsabilidades que são dadas pelo próprio Deus.

É uma simplificação errada pensar que o Papa e os bispos possam produzir novas verdades de fé para impô-las aos outros. O Magistério da Igreja não está acima da Palavra de Deus mas a seu serviço.

Assim o Magistério do Papa e dos bispos não pode, não deve e não quer inventar novas verdades de fé. Os dogmas que o Magistério, vez ou outra, proclama não são uma criação de uma nova verdade de fé. Pelo contrário, ao proclamar um dogma, o Magistério somente reconhece que tal verdade está contida na Palavra de Deus e na tradição apostólica. Para proclamar um dogma, o Magistério deve constatar a fé concorde de toda a Igreja.

Por isso, no exercício de sua autoridade, o Magistério sempre recorre ao senso sobrenatural da fé. Essa expressão indica uma certa “consulta espiritual democrática” da fé e da prática da Igreja toda, desde o Bispo até o “último” dos féis.

O senso da fé pode ser comparado a um sexto sentido que brota da fé. Por meio dele todo povo cristão pode julgar, quase instintivamente, as realidades relacionadas à fé. O senso sobrenatural da fé é como um faro espiritual, uma forma de sensibilidade que é suscitada pelo Espírito Santo e que leva a totalidade dos cristãos (e não somente o Papa e os bispos) a identificar intuitivamente a verdadeira fé das falsificações, a perceber interiormente a interpretação autêntica da Palavra de Deus dos abusos que se cometem contra ela.

Evidentemente não se trata realmente de um instinto, mas sim de um modo peculiar de conhecimento por conaturalidade das realidades e das formulações da fé. Os conteúdos de conhecimento oferecidos pelo senso sobrenatural da fé não resultam tanto de um trabalho conceitual, mas muito mais de uma experiência concreta que é formada pelas vivências concretas e por conhecimentos adquiridos. O senso sobrenatural da fé conduz interiormente os fiéis cristãos ao consenso da fé que se vai construindo, por obra do Espírito Santo, ao longo do tempo na vida da Igreja. Por isso, pode acontecer que, em dado momento histórico, uma verdade se apresente com tal clareza a ponto de poder ser definida dogmaticamente. O consenso da fé é algo que vai sendo tecido nas entranhas da Igreja.

Um exemplo desse processo interior e espiritual do senso da fé que conduz toda a Igreja a um consenso da fé foi a declaração do dogma da Assunção de Maria. Depois de ter consultado amplamente as dioceses e depois de ter constatado um consenso universal a respeito da fé na Assunção de Nossa Senhora, Pio XII proclamou em solenemente em 1950 o dogma.

Por: Dom Julio Endi Akamine, SAC

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